segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Juros bancários atingem maior patamar desde janeiro de 2007, diz BC

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

Os juros cobrados pelos bancos subiram nas principais modalidades de crédito para pessoa física no mês de julho. No mês passado, a taxa média, que engloba por exemplo cheque especial, empréstimo pessoal e aquisições de veículos, foi de 49,1% para 51,4%, ficando no maior patamar desde janeiro de 2007.

Segundo a pesquisa mensal de juros do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, no cheque especial a taxa foi de 159,1% para 162,7% entre junho e julho. Assim como no mês passado, trata-se da maior taxa desde agosto de 2003, quando era de 163,9% ao ano. O recorde é de 294% ao ano, registrado em julho de 1994.

No empréstimo pessoal, a taxa subiu de 51,4% para 53,6% ao ano. Na aquisição de veículos, passou de 31,1% para 33,5% ao ano.

Parte desse movimento se deve ao aumento da taxa básica de juros, que começou o ano em 11,25% e chegou a 13% ao ano na semana passada. Outra parte se deve ao spread bancário (a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes).

No geral o spread para pessoa física foi de 34,7 pp para 36,6 pp. Do aumento de 2,3 ponto percentual nos juros para pessoa física no mês, 1,9 ponto percentual se refere ao spread e 0,4 ponto ao aumento dos juros.

Em relação à inadimplência (superior a 90 dias) para pessoa física, a taxa subiu 0,3 ponto percentual, de 7% de 7,3%.

Empresas

Os juros das empresas apresentaram alta no mês de julho, de 26,6% ao ano para 27,5%. A taxa geral (pessoa física + jurídica) passou de 38% para 39,4% ao ano.

Houve leve alta do spread bancário para pessoa jurídica, de 0,6 ponto percentual, de 13,9 pontos para 14,5 pontos. O spread geral (considerando também o crédito pessoa física) passou de 24,5 pontos percentuais para 25,6 pp.

A inadimplência da pessoa jurídica ficou estável em 1,7%.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Com a DÍVIDA passando de 1 TRILHÃO e meio (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa)

Os juros estrangularão os 190 milhões de brasileiros

Devo pedir desculpas aos leitores com a maior veemência, mas também com revolta. Enorme. Em junho revelei: o governo vai destinar neste primeiro semestre 98 BILHÕES de reais de juros da "DÍVIDA" interna. É o que o governo diz e repete que é economia, "conseguimos acumular no ano 90 BILHÕES para pagamento desses juros".

Não é economia coisa alguma, é dinheiro dos impostos, que em vez de serem utilizados para investimento, principalmente em infra-estrutura, são desperdiçados na AMORTIZAÇÃO dessa "DÍVIDA". O leitor mais atento deve ter percebido: eu usei duas palavras diferentes para identificar a mesma coisa.

Lá em cima eu falei em PAGAMENTO de juros, aqui usei a palavra AMORTIZAÇÃO. Pois os juros não são PAGOS e sim AMORTIZADOS. O próprio governo veio a público, me desmentiu, disse que os juros do semestre não seriam de 98 BILHÕES e sim de 88 BILHÕES. Não tinha a pretensão de admitir que o governo dava uma nota oficial apenas para me desmentir.

Por outro lado, o governo desmentia a si próprio, dizendo: "Economizamos 90 BILHÕES no ano para PAGAMENTO dos juros". Como o governo me desmentia no total de juros que seriam APENAS de 156 BILHÕES, como poderia PAGAR se ECONOMIZARA só 90 BILHÕES. Me desmentia de um lado, mas confirmava no outro: não era PAGAMENTO e sim AMORTIZAÇÃO.

Mas se o governo garante que ECONOMIZOU 90 BILHÕES e tinha que PAGAR ou AMORTIZAR 156, o que foi feito com a diferença? É óbvio: essa diferença foi incorporada À DÍVIDA TOTAL. Mas registrem bem, essa diferença é de 66 BILHÕES. Jogaram em cima do principal, os "credores", generosos, aceitam sem nenhum protesto. Pois isso garante a eternidade da DÍVIDA.

Não adianta AMORTIZAR, a DÍVIDA sempre estará crescendo, por causa desse "RESTO" que não acaba nunca. Hoje, a DÍVIDA está em 1 TRILHÃO e 500 BILHÕES. Se algum dia CHEGARMOS ou CHEGÁSSEMOS a ter juros de 5 por cento, a DÍVIDA estaria em 2 TRILHÕES.

E a 5 por cento, continuaríamos a pagar 100 BILHÕES por ano. É um alívio? Satisfação? Sobra para investimento? Nada disso, burrice e falta de análise sobre o que é a diferença entre HONRAR A AMORTIZAÇÃO e a utilização em INVESTIMENTO. Mas minhas maiores desculpas têm uma explicação: fiz a publicação antes da nova fase da alta de juros.

Depois de confirmar o pagamento de 88 BILHÕES no primeiro semestre, o óbvio, facílimo, seria o de garantir para todo 2008 o total de 156 bilhões. Mas acontece que no Brasil o todo não é a soma de duas partes. Principalmente em questão de juros. Agora que os juros foram elevados para 13 por cento, e com a DÍVIDA em 1 TRILHÃO e 500 BILHÕES, teremos amortizados no fim do ano 195 BILHÕES.

Isso naturalmente desde que não haja mais aumentos dos juros, impossível de acreditar. Digamos que nos próximos 5 meses esses juros SOFRAM (a palavra é essa aplicada para toda a população) aumento de APENAS mais 1 por cento, teremos que AMORTIZAR juros no valor de 200 bilhões.

PS - Isso é loucura total, não há país que agüente. Temos que recorrer à dualidade da língua portuguesa. A dívida é IMPAGÁVEL, mas não no sentido histriônico e sim no dramático.