Com a DÍVIDA passando de 1 TRILHÃO e meio (Helio Fernandes - Tribuna da Imprensa)
Os juros estrangularão os 190 milhões de brasileiros
Devo pedir desculpas aos leitores com a maior veemência, mas também com revolta. Enorme. Em junho revelei: o governo vai destinar neste primeiro semestre 98 BILHÕES de reais de juros da "DÍVIDA" interna. É o que o governo diz e repete que é economia, "conseguimos acumular no ano 90 BILHÕES para pagamento desses juros".
Não é economia coisa alguma, é dinheiro dos impostos, que em vez de serem utilizados para investimento, principalmente em infra-estrutura, são desperdiçados na AMORTIZAÇÃO dessa "DÍVIDA". O leitor mais atento deve ter percebido: eu usei duas palavras diferentes para identificar a mesma coisa.
Lá em cima eu falei em PAGAMENTO de juros, aqui usei a palavra AMORTIZAÇÃO. Pois os juros não são PAGOS e sim AMORTIZADOS. O próprio governo veio a público, me desmentiu, disse que os juros do semestre não seriam de 98 BILHÕES e sim de 88 BILHÕES. Não tinha a pretensão de admitir que o governo dava uma nota oficial apenas para me desmentir.
Por outro lado, o governo desmentia a si próprio, dizendo: "Economizamos 90 BILHÕES no ano para PAGAMENTO dos juros". Como o governo me desmentia no total de juros que seriam APENAS de 156 BILHÕES, como poderia PAGAR se ECONOMIZARA só 90 BILHÕES. Me desmentia de um lado, mas confirmava no outro: não era PAGAMENTO e sim AMORTIZAÇÃO.
Mas se o governo garante que ECONOMIZOU 90 BILHÕES e tinha que PAGAR ou AMORTIZAR 156, o que foi feito com a diferença? É óbvio: essa diferença foi incorporada À DÍVIDA TOTAL. Mas registrem bem, essa diferença é de 66 BILHÕES. Jogaram em cima do principal, os "credores", generosos, aceitam sem nenhum protesto. Pois isso garante a eternidade da DÍVIDA.
Não adianta AMORTIZAR, a DÍVIDA sempre estará crescendo, por causa desse "RESTO" que não acaba nunca. Hoje, a DÍVIDA está em 1 TRILHÃO e 500 BILHÕES. Se algum dia CHEGARMOS ou CHEGÁSSEMOS a ter juros de 5 por cento, a DÍVIDA estaria em 2 TRILHÕES.
E a 5 por cento, continuaríamos a pagar 100 BILHÕES por ano. É um alívio? Satisfação? Sobra para investimento? Nada disso, burrice e falta de análise sobre o que é a diferença entre HONRAR A AMORTIZAÇÃO e a utilização em INVESTIMENTO. Mas minhas maiores desculpas têm uma explicação: fiz a publicação antes da nova fase da alta de juros.
Depois de confirmar o pagamento de 88 BILHÕES no primeiro semestre, o óbvio, facílimo, seria o de garantir para todo 2008 o total de 156 bilhões. Mas acontece que no Brasil o todo não é a soma de duas partes. Principalmente em questão de juros. Agora que os juros foram elevados para 13 por cento, e com a DÍVIDA em 1 TRILHÃO e 500 BILHÕES, teremos amortizados no fim do ano 195 BILHÕES.
Isso naturalmente desde que não haja mais aumentos dos juros, impossível de acreditar. Digamos que nos próximos 5 meses esses juros SOFRAM (a palavra é essa aplicada para toda a população) aumento de APENAS mais 1 por cento, teremos que AMORTIZAR juros no valor de 200 bilhões.
PS - Isso é loucura total, não há país que agüente. Temos que recorrer à dualidade da língua portuguesa. A dívida é IMPAGÁVEL, mas não no sentido histriônico e sim no dramático.
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