Aproveitando o estrebuchar do neoliberalismo, o Presidente Lula amplia os instrumentos regulatórios do Estado, utilizando o Banco do Brasil para combater os juros imorais
O Globo
Manchete: Novo presidente do BB terá de baixar juros por contrato
Mercado vê intervenção política do Planalto e ações do banco despencam
Ao confirmar a demissão de Antonio Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, antecipada por Ancelmo Gois em sua coluna no Globo, o governo anunciou ontem uma nova e agressiva fase para tentar derrubar os juros e os spreads bancários (diferença entre o custo de captação de dinheiro e a taxa dos empréstimos). O objetivo é provocar uma "guerra de preços" no mercado.
Para isso, explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, serão impostas ao novo comandante do BB, Aldemir Bendine, metas de desempenho, uma espécie de contrato de gestão. Entre elas, acelerar as concessões de crédito e reduzir os custos de financimento. A intenção é fazer o BB influenciar os bancos privados.
Para Lula, a redução do spread bancário virou "uma obsessão”. A reação do mercado foi negativa: as ações do BB despencaram 8,15% na Bovespa, a maior queda do pregão. Segundo analistas, a troca mostra ingerência política do Planalto no banco. (págs. 1, 19 a 23, Míriam Leitão, Merval Pereira e Carlos A. Sardenberg)
‘Não agüentamos mais discutir com presidentes de bancos públicos, porque eles pensam que são presidentes de bancos privados'
Ministra Dilma Rousseff, segundo relato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)
Falando alto: O presidente Lula discursa no Encontro de Comunicadores em Educação; na saída, comunicou a troca no BB.
Ascensão meteórica em apenas 3 anos
Ligado ao PT, Aldemir Bendine, de 45 anos, passou de gerente-executivo a presidente do BB em três anos. É apadrinhado de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula e forte nome para presidir o PT. Bendine começou como menor estagiário, em 1978. (págs. 1 e 20)
Opinião: Míriam Leitão: O homem spread
Os juros bancários no Brasil são indefensáveis e incompreensíveis. Mesmo assim, a intervenção do presidente da República no Banco do Brasil não é a melhor solução. O banco tem capital aberto e acionistas privados; o controlador pode, mas não deve, demitir o principal executivo do banco e mandar o substituto reduzir juros. Isso só explicita o problema de governança da instituição. (págs. 1 e 20)
Opinião: Carlos Alberto Sardenberg: Por quem os juros caem
Parece que a queda dos juros no Brasil é uma questão de vontade, algo entre a política e a moral. Seria mais ou menos assim: os juros não caem porque os banqueiros não deixam e o governo não tem a disposição ou a vontade de forçar a derrubada. Fariam parte desse esquema os diretores do Banco Central, pessoas que estariam a serviço do sistema financeiro, não por dinheiro, mas por identidade profissional.
A substituição do presidente do Banco do Brasil, no contexto de uma operação para forçar a queda dos juros, parece confirmar que o governo Lula pensa mais ou menos assim. (págs. 1 e 7)
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Folha de S. Paulo
Manchete: Novo presidente do BB terá meta de redução de juros
Governo não revela detalhes; ações do banco na Bovespa recuam 8%
O governo deu posse ao novo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e determinou que ele reduza os juros cobrados pela instituição e aumente o crédito. De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essas metas serão estabelecidas no que ele classificou como "contrato de gestão".
Será a primeira vez que o presidente de um banco público terá de cumprir metas de diminuição dos juros e do "spread" (diferença entre a taxa que o banco paga para obter dinheiro e a que cobra dos clientes). O governo, porém, não deu detalhes sobre elas nem disse o que ocorrerá se não forem cumpridas. (págs. 1 e Dinheiro)
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O Estado de S. Paulo
Manchete: Governo troca presidente do BB para baixar juro e ação cai
Para Lula, banco deve liderar queda de spread, mas mercado vê ingerência política
O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, pediu demissão do cargo, após longo período de desgaste no governo. A mudança gerou no mercado financeiro o temor de que o banco sirva a interesses políticos, e as ações do BB caíram 8,15%. Segundo integrantes do governo, Lima Neto caiu por sua relutância em liderar o movimento de redução do custo do crédito no País. Há ainda suspeitas de irregularidades em sua gestão, segundo a oposição. Ao comentar a demissão, o presidente Lula disse que já avisou aos subordinados que o spread bancário (diferença entre o juro que o banco paga ao captar recursos e o que cobra ao emprestar) deve cair.
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que os bancos públicos federais não podem “se comportar como banco privado", buscando só lucro. (págs. 1, B1 e B3)
Opportunity sofre blitz da PF em 8 endereços
A Polícia Federal vasculhou ontem oito endereços do Opportunity, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas. A blitz, que alcançou até o departamento jurídico, visava achar contratos de mútuo entre empresas do grupo, o que a lei veda. Na CPI dos Grampos, o delegado Protógenes Queiroz, que liderou as primeiras ações contra Dantas, se recusou a responder à maioria das perguntas. (págs. 1 e A6)
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Jornal do Brasil
Governo intervém no Banco do Brasil
O governo anunciou ontem a saída de Antonio Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, segundo informações colhidas na Esplanada dos Ministérios, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava insatisfeito com a resistência do executivo em reduzir as taxas de spreads bancários (diferença entre o quanto as instituições financeiras pagam por recursos e o quanto cobram dos seus clientes) da instituição. O novo presidente, Aldemir Bendidi, entra no comando do banco estatal com uma cartilha preestabelecida pelo governo, que prevê, de imediato, a queda dos juros e dos spreads. (págs. 1 e Economia A17)
Novas buscas no Opportunity
Enquanto a Polícia Federal fazia novas buscas na sede do banco Opportunity, o ex-chefe da Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz, negou que a ministra Dilma Rousseff e o filho do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, tenham sido investigados. (págs. 1 e País A7)
Sociedade aberta: José Luiz Niemeyer dos S. Filho: De hoje em diante, o ‘jogo será jogado’
A saída repentina do Presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, não é um fato corriqueiro.
O Banco do Brasil é um dos maiores bancos públicos do sistema financeiro internacional. Um agente estratégico nesse momento de escassez de crédito e de financiamento para a produção e, principalmente, para garantir equilíbrio no Balanço de Pagamentos no que se refere às operações de comércio exterior.
O fato, mesmo não sendo trivial, ainda poderia ser explicado e projetaria desdobramentos no campo mais específico da economia.
Todavia, este talvez seja o evento de caráter mais político e partidário ocorrido nos quase dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (págs. 1 e A17)
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Correio Braziliense
Manchete: Bancos boicotam pacote da casa própria
Há exatos 17 dias, os ministros da Fazenda e do Planejamento, mais o presidente do Banco Central, se reuniram, formaram o Conselho Monetário Nacional e aprovaram uma medida anunciada com pompa e circunstância: a partir dali, o mutuário brasileiro precisaria dar apenas 10% de entrada para comprar um imóvel. Até então, o limite era de 30% do valor financiado, o que requeria poupança gorda antes da realização do sonho da casa própria. A nova norma compõe o pacote habitacional com o qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende estimular a construção civil e reativar a economia. Mas, se depender dos bancos, ela não vinga. Todas as instituições financeiras brasileiras, tanto as privadas quanto as públicas, vêm cobrando no mínimo 20% de entrada para liberar empréstimos no âmbito do Sistema Brasileiro de Habitação. Elas dizem que precisam se resguardar em meio à crise financeira internacional. (págs. 1 e 19)
Degola de presidente derrete ações do BB (págs. 1, Tema do Dia 16 a 18)
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Valor Econômico
Manchete: Sob nova direção, BB passa ao controle de Mantega e PT
A troca de comando no Banco do Brasil foi uma vitória do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do PT, partido que desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentava assumir o comando do maior banco público do continente. A possível ingerência política na instituição foi rapidamente percebida pelo mercado: a cotação das ações do BB caíram 8,1% na Bovespa ontem.
Na origem da substituição de Antônio Francisco Lima Neto por Aldemir Bendine, até então vice-presidente de Novos Negócios do BB, esteve a resistência do ex-presidente em reduzir os juros nos empréstimos do banco para não comprometer os resultados da instituição. (págs. 1 e Cl a C3)
Para Nakano, barbeiragem do BC vai derrubar PIB
O economista Yoshiaki Nakano acredita que a economia brasileira pode encolher de 2% a 4% neste ano. Diretor da Escola de Economia de São Paulo (EESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele ressalta a dificuldade de fazer previsões num cenário de incertezas como o atual, mas diz que o país não vai escapar de uma contração no Produto Interno Bruto (PIB) se a política econômica continuar como está. Para Nakano, é fundamental destravar o crédito, por meio da redução agressiva dos compulsórios e dos juros básicos. Se isso for feito, é possível que o Brasil consiga evitar a retração da economia em 2009.
Nakano atribui a erros do Banco Central o forte impacto da crise internacional sobre a economia brasileira. “Houve uma monumental barbeiragem das autoridades monetárias", diz. Para ele, o BC demorou a agir e, quando o fez, foi muito tímido. Com a queda de receitas e a elevação de gastos correntes, Nakano vê pouco espaço para uma política fiscal anticíclica. (págs. 1 e Al4)
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Gazeta Mercantil
Spread alto leva à mudança no comando do BB
Aldemir Bendine, o novo presidente do Banco do Brasil, irá assumir o comando da instituição com uma missão preestabelecida pelo governo: a redução das taxas de juros e os spreads cobrados nos empréstimos. Ontem, o governo anunciou a substituição de Antonio Lima Neto da presidência do banco por Bendine. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a saída de Lima Neto já havia sido decidida por ele há mais tempo.
Ao descartar motivações políticas para a saída de Lima Neto do cargo que ocupava desde dezembro de 2006, Mantega afirmou que Bendine assumirá o novo posto com um contrato de gestão específico. “Vamos perseguir metas de aumento de crédito, ampliar o número de correntistas oferecendo condições melhores de juros que outros bancos. Vamos disputar market share”, disse o ministro. Bendine é funcionário de carreira do banco há 30 anos e ocupa o cargo de vice-presidente de cartões e novos negócios de varejo do BB. “Vamos combater a alta do spread com o aumento do volume (de crédito)”, disse Bendine. (págs. 1 e B1)
Desempenho das ações reflete risco político
A troca de comando do Banco do Brasil surpreendeu investidores e analistas, provocando queda de 8,15% nas ações ordinárias da instituição, em dia de alta do Ibovespa. A interpretação do mercado é que o governo federal estava descontente com a gestão de Antonio Francisco Lima Neto porque o executivo não arriscou as contas do banco em prol da bandeira do juro baixo — e o temor é justamente que o novo presidente, Aldemir Bendine, seja instrumento de pressões políticas.
“Ele pode reduzir o spread num momento em que a medida não é recomendada, já que o nível de inadimplência está aumentando assim como as provisões para devedores duvidosos”, diz Paulo Esteves, analista da Gradual. “Mas o detalhe é que é uma empresa mista. Os minoritários têm assento no conselho e esse tipo de alteração tem que ser submetida à assembleia.” (págs. 1 e B1)
Editorial: O BB é dos acionistas e do Estado, não do governo
O mercado deu a sua interpretação, no pregão de ontem da Bovespa, para a demissão de Antonio Francisco Lima Neto da presidência do Banco do Brasil (BB) derrubando as ações ordinárias do banco público em 8,15%. Isto, em um dia em que a bolsa paulista subiu 0,82%. A forte expectativa negativa do mercado está vinculada ao principal motivo da troca de comando no BB: o governo não estava satisfeito com as decisões extremamente técnicas de Lima Neto, em especial no que dizia respeito à redução dos spreads cobrados pela instituição.
O presidente Lula afirmou que a diminuição da diferença entre o que o banco cobra quando empresta e o que paga quando capta recursos, "é uma obsessão minha". Comentando a saída de Lima Neto o presidente disse que era preciso "fazer o spread voltar à normalidade" e que tanto o BB, como a Caixa Econômica Federal, e o Banco Central (BC) "sabem disso". (Interno)
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Estado de Minas
Manchete: BH vai apertar cerco aos fumantes
A Câmara Municipal votará em primeiro turno, segunda-feira, projeto de lei que restringe o fumo em recintos coletivos, a exemplo de São Paulo e Rio. A proposta proíbe cigarro, charuto e similares em ambientes fechados, à exceção de tabacarias. Fica autorizada a criação de áreas para fumantes desde que separadas por barreira física e com exaustor. Quem desobedecer estará sujeito a multa de até R$ 1.140. Uma vez aprovada, a lei atingirá diretamente 19,3% da população adulta de BH que, em pesquisa recente, se declarou tabagista. (pág.1)
BB deve forçar queda de juro
Objetivo da troca de comando no Banco do Brasil, determinada pelo governo, é a redução das taxas, para levar os outros bancos a fazer o mesmo. Novo presidente da instituição disse que baixa será possível com o aumento do volume de crédito.
Editorial: O BB e os juros altos
Presidente Lula perde paciência com taxas do banco estatal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem que a derrubada dos spreads bancários virou obsessão para ele. É correta e oportuna essa disposição do presidente. Ele demonstra ter compreendido que o verdadeiro vilão financeiro que sufoca a atividade econômica no Brasil vai muito além do repetitivo mantra da taxa básica fixada pelo Banco Central (Selic) e se localiza nos estratosféricos juros cobrados do tomador final de crédito pelo sistema bancário. Mas, se a percepção do problema é acertada e a disposição de enfrentá-lo é elogiável, a maneira como começou a colocá-las em prática não foi a mais adequada. Por mais que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenha se empenhado em desmentir, desde as primeiras horas da manhã o Planalto Central e todos os escaninhos do mercado financeiro sabiam que Lula tinha perdido a paciência com o presidente do Banco do Brasil (BB), Antônio Francisco de Lima Neto. O executivo, embora nomeado no governo atual, estaria resistindo a acelerar a redução dos juros cobrados pelo banco nas operações de crédito pessoal e comercial.
Derrubar o presidente do BB, principal instrumento de crédito do governo, por não conseguir impor a ele um padrão de taxas de juros foi como emitir sinal pouco confiável ao mercado, isto é, aos milhares de acionistas minoritários. Não foi à toa que as ações do BB, que gozam de boa liquidez, despencaram logo em seguida aos primeiros rumores da substituição de Lima Neto. Soou como uma intervenção política na estratégia de administração do banco e a imposição de que ele abra mão de uma parte da sua lucratividade. (Interno)
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Jornal do Commercio
Manchete: Cai o presidente do Banco do Brasil
Aldemir Bendine susbtitui Antonio Lima Neto com a missão de reduzir juros e ampliar o volume de crédito. (pág. 1)
Opinião: Cláudio Humberto: Depois do BB, degola na Caixa
A saída do presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, oficialmente por resistir a baixar os spreads do banco, estava em banho-maria há 40 dias no Planalto. A maior pressão contra ele era da cúpula do PT, por sua resistência ao “aparelhamento” partidário do BB. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), é bancário. Agora o bico de gás está aberto na direção da diretoria da Caixa. A Caixa também pratica spread alto – a diferença entre juros pagos pelos bancos para pegar dinheiro e a que cobram para esfolar infelizes clientes. (Interno)